John Kenneth Galbraith sempre foi
considerado o enfant terrible da economia americana, aquele que percebe que o
rei está nu e faz questão de trombetear o fato. Suas opiniões costumam ser
originais e provocativas, divergindo dos ortodoxos manuais de economia. Um
exemplo eloquente é sua afirmação de que os empresários abominam a livre
concorrência, o que é bastante óbvio, mas costuma ser negado pelos próprios
empresários e economistas, que têm a economia de mercado como dogma de fé. E,
afirma Galbraith, são essas mesmas pessoas que mandam hoje no mundo, com o
apoio da mídia e dos políticos. Galbraith sempre denunciou esses fatos e, com
maior ênfase, o chamado complexo industrial-militar, para cuja sobrevivência e
prosperidade é necessário um mundo permanentemente belicoso e beligerante. A
economia das fraudes inocentes pode ser considerado o extrato do pensamento
produzido por uma mente criativa e destemida durante toda a vida. Nele,
Galbraith afirma que vivemos num mundo de mentiras impingidas como verdades
cristalinas e irrefutáveis. Um mundo de fraudes, nem todas inocentes.
"Galbraith foi um provocador a vida inteira. Não há por que parar
agora." - The Guardian